Correu as sete partidas do mundo por causa do Sp. Braga.  Paulinho, como é conhecido por todos, é líder da Bracara Legion, uma das  claques bracarenses. Tem 24 anos e uma tatuagem do grupo na perna  direita, logo por cima do tendão de Aquiles. O Braga é o seu ponto  fraco. Hoje partiu para Olhão, juntamente com centenas de adeptos que,  pelo amor ao Norte, rumaram ao Sul.
Como se explica tão grande paixão pelo Braga?
Sou  sócio do Braga desde 19 de Julho de 1985, o dia em que nasci. Quando  tinha seis, sete anos, comecei a ir ao estádio, o antigo ainda, com o  meu pai. E acho que a paixão surgiu aí. O estádio é a minha casa, é onde  me sinto bem. Tenho óptimas lembranças dos tempos que lá passei.  Lembro-me também de ter 14 anos e termos ganho no Estádio das Antas, foi  uma loucura. Festejámos efusivamente, mas infelizmente não chegámos à  final.
A fundação da Bracara Legion veio pouco depois...
A  claque foi fundada a 7 de Agosto de 2003. Houve necessidade de criar  uma outra claque além dos Red Boys, uma claque com uma posição não tão  agressiva. Um grupo de amigos que não se identificava com esta claque  tomou a decisão e deu o passo em frente. Criámos uma nova rivalidade  saudável. O Braga é que ficou a ganhar com isso.
O espírito que se vive dentro de uma claque é muito particular. Por vezes agressivo. O que é ser um Ultra?
Ser  Ultra é uma forma de vida. É fácil ser dos clubes que ganham. Eu nunca  vi o Braga a ganhar, mas vou ver antes de morrer, tenho a certeza. E na  sexta-feira [hoje] lá vamos nós para Olhão, muitos são pais de família e  trabalham, e mesmo assim, no final do dia vão fazer oito horas de  viagem num carro só para ver o Braga jogar. É normal que muitas pessoas  não compreendam o espírito. Só quem está dentro é que sabe. Uma claque é  uma família. Eu tenho o símbolo do grupo tatuado na perna direita, por  cima do tendão de Aquiles. Mas vou fazer o símbolo do Braga ainda antes  do final do ano.
Acompanha os jogos todos do Braga?
Todos.  Se falhar um, já é muito. Uma vez, em 2004 ou 2005, já não me lembro  bem, eu e mais três amigos partimos à aventura, fomos para a Escócia.  Não conhecíamos nada, e naquele tempo ainda era tudo mais difícil, não  havia GPS, só mapas de papel. Não sabíamos sequer quanto custava a  travessia do canal da Mancha. Chegámos lá falidos, tivemos de pedir  dinheiro aos jogadores do Braga para voltar para Portugal [risos]. Mas  claro, há jogos que marcam mais do que outros, especialmente os que  ganhamos. Investimos todas as nossas economias pelo amor ao nosso Braga e  já fizemos viagens que custaram 500 euros e outras mil. Já fomos à  Suécia de carrinha, de autocarro à Itália, de carro à Holanda, e a  muitos outros sítios.
Em Braga havia muito o costume de dizer que quem era do Sp. Braga, era do Benfica também. Ainda é assim?
Esse  fenómeno do biclubismo é muito fácil de explicar. Antigamente, as  cidade do Alto Minho, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponta da Barca e  outras, quando queriam ver um jogo do Benfica, vinham a Braga, como é  normal. Mas quem é de Braga é do Sp. Braga, com certeza, especialmente  agora que o clube começa a ter mais expressão. Quando eu era pequeno não  havia ninguém que andasse com a camisola do clube na rua. Agora é  diferente, são muitas as pessoas que se orgulham de vestir as cores do  Braga, especialmente os jovens e as crianças, que são de uma geração que  assistiu apenas aos recentes sucessos do Braga, que acaba sempre em  quarto ou quinto.
Tem o equipamento do Braga?
Tenho uns 20 ou 30 de diferentes jogadores e de diferentes épocas.
Como vê o desempenho do plantel até ao momento?
[Risos]  Sou um treinador de bancada, mas acho que ninguém pode apontar falhas  ao Braga. Cinco jogos, cinco vitórias. Está perfeito.
É desta?
Espero que sim.
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